No bairro de Heliópolis, na Estrada das lágrimas existia uma Alegria. É dessa ex-clínica que vamos falar um pouco.
Em meados de 2014 o futuro CEO dessa clínica me chamou para seu audacioso plano de negócio: Ser a maior rede de clínica médica do Brasil.
Porém, nas primeiras reuniões, identificamos alguns problemas que fatalmente levaram essa empresa ao seu trágico destino.
Na época o CEO era um empresário com experiência no segmento de comércio. Logo em suas primeiras reuniões realizou aquisição do software de uma empresa da cidade de Pato Branco no Estado do Paraná. Um dos softwares mais baratos da categoria. " - O barato as vezes sai caro".
No Plano de negócios vimos que o corpo clínico seria formado por residentes de medicina da USP – HC, sendo que a localização da primeira clínica seria no endereço da Estrada das lágrimas. Não entendíamos o motivo de tal obsessão por estudantes da USP.
As clínicas de 300 metros quadrados teriam Gerador de energia próprio sendo que nem todas as unidades possuíam Centro Cirúrgico.
As unidades teriam poucos serviços de diagnóstico. Haveria apenas serviços de boa rentabilidade, como se realizar o diagnóstico de um doente fosse uma simples escolha como essa. Eu acho que esse CEO precisava entender um pouco mais o que é saúde humanizada, mas vamos deixar isso para outro capítulo.
Não atenderia convênios, pois o CEO ouviu falar que pagavam pouco e ainda glosavam. Recomendamos o atendimento híbrido, com atendimentos Particulares e o credenciamento de algumas operadoras financeiramente viáveis. Principalmente porque nos primeiros meses, a clínica ao ser aberta não possui clientela particular. Passado 1 ano de existência dessa clínica, a mesma iniciou credenciamento de operadoras populares que pagavam famigerados R$ 30,00 por Consulta de um especialista.
O mesmo padrão popular que foi aberto no endereço da Estrada das lágrimas no bairro de Heliópolis, foi replicado para shopping center e demais locais.
Para resolver o problema de bi-tributação entre clínica e médicos prestadores, houve uma brilhante idéia do CEO. Para cada atendimento, seriam emitidas notas fiscais divididas, sendo uma nota fiscal emitida pela empresa do médico com seu respectivo custo de honorário e outra com o valor correspondente da clínica.
Acho que Eu não preciso continuar elencando outros motivos desse fracasso, dos quais Eu tive a satisfação de NÃO participar. Enquanto tivermos empresários arrogantes como esse, onde acreditam que por serem bem sucedidos em outros negócios também serão bem sucedidos nessa área de clínica médica, haverá um engano que se chama Falência.
Confundimos nos dias de hoje Poder Financeiro com Qualificação.
O que poderia ser Alegria, acabou virando tristeza. Aqui Jaz mais uma clínica.
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